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(Nolan Bushnell)
ORAÇÃO DA CRIANÇA COM NECESSIDADES ESPECIAIS



Superação - Portadores de Necessidades Especiais

Imagens de portadores de deficiência vencendo os obstáculos da vida


Acorde para vencer


Video motivacional com Ayrton Senna, simbolo de superação, garra, atitude, simplesmente "O melhor".

Amor, perda e superação


Ela viveu um conto de fadas com um príncipe encantado. Mas um carro desgovernado esfacelou sonhos, levou embora seu amor, mudou a realidade. Conheça a história de Beth Amorim.

Beth Amorim
13/10/2011

                                                                                                  Anderson e Beth


Conheci Anderson em 2008. Na verdade, já nos conhecíamos "de vista", desde a época da escola. Estudamos no mesmo colégio durante vários anos. No entanto, só em fevereiro de 2008 nossos olhares se encontraram. E desde aquele primeiro "olho no olho", percebemos que algo muito forte e único, iria surgir entre nós. 

Conversamos diariamente durante um mês. Aos poucos nos tornamos amigos e cúmplices. Porém, a forte atração que sentíamos um pelo outro, fez com que, de amigos, nos tornássemos "ficantes" e, por último, "enrolados". Era assim que definíamos nossa relação no início, já que não havia compromisso sério. Passados 12 meses do primeiro beijo, comecei a desacreditar que pudesse resultar em algo sério. 

Eu, com 28 anos, não queria mais um relacionamento tão solto. Disse-lhe que ou tornávamos a relação séria ou eu colocaria um ponto final, pois o que eu sentia por ele era forte demaispara ser uma brincadeira. A pressão funcionou: ele assumiu que gostava de mim e que me queria como namorada. Zeramos tudo. Todos os aborrecimentos, todas as mágoas, todos os ressentimentos. Era março de 2009. 

Vida a dois

A partir desse momento, passamos a construir nosso amor. Um amor diferente de tudo o que já tínhamos vivido. Um amor alegre, maduro, cúmplice e com muitos planos para o presente e para o futuro. Passamos a morar juntos. Vivíamos grudados como um casal de adolescentes. Viajávamos muito e o clima de lua de mel estava sempre presente.

Como todo casal, havia momentos "não tão perfeitos". Mas durante o tempo em que convivemos, nunca passamos mais do que meia hora de cara virada um para o outro. Havia muita compreensão. Tudo era resolvido com diálogo e respeito. Bastava um sorriso meu ou dele durante uma discussão e as coisas ficavam bem novamente.

Eu costumava dizer que ele era o meu encaixe perfeito. Era meu número! Tudo entre nós dava certo. E era assim que os outros nos viam também. Diziam que tínhamos sido feitos um para o outro e que aquele amor seria eterno, não tinha data de validade. Até porque só crescia e ficava mais forte dia após dia.

Entramos em 2011 com o pensamento de colocar em prática o que tínhamos planejado: comprar nosso carro, nossa casa e fazer nosso filhinho (Matheus), que era o maior sonho da vida dele (e passou a ser da minha também, já que eu era mãe de duas meninas, frutos do meu primeiro casamento). 

Começamos pelo carro, pois ele iria precisar para trabalhar. A casa ficaria para o meio do ano, o casamento civil em novembro e Matheus seria "fabricado" para nascer em 2012, quando tudo estivesse organizado em nossas vidas. No entanto, nem tudo acontece da forma como queremos e planejamos. 

O acidente

Era terça-feira, 22 de março de 2011, 5:35h da manhã. Anderson acordou, me beijou como fazia todos os diasr perguntou se eu não ia ao médico, respondi que não, e despediu-se com mais beijos e com um "Eu te amo, Bb... até mais tarde". E saiu para uma viagem de trabalho. Fiquei na cama, esperando a hora de levantar para assumir meus afazeres diários.

Eu não sabia, mas seis horas depois desse último contato, ele já não estaria mais comigo. Em seu relógio ficou registrada a hora de sua partida: 11:55h. Anderson sofreu um acidente quando voltava para casa. Em uma curva, foi surpreendido por um carro que entrou na contramão em alta velocidade. Por milésimos de segundo, não conseguiu se livrar daquele carro que veio em sua direção. De repente o acaso o levou de mim. O amor da minha vida que estava ali, naquele carro que tínhamos recém comprado, teve morte instantânea. Não houve tempo nem para um adeus.

Eu tinha acabado de chegar ao meu local de trabalho quando soube da notícia. Não sei como encontrei chão e equilíbrio para guiar minha moto até a casa da mãe dele. Eu precisava confirmar que era verdade mesmo. Não havia uma só parte do meu corpo que não tremesse. Chegando lá e confirmando a trágica notícia, a dor me consumiu em segundos.

Fiquei desesperada. Pensei em milhões de coisas ao mesmo tempo: como ele estaria, como teria sido o acidente, o que provocou, como isso podia ter acontecido logo com ele, que era tão bom motorista, por que aconteceu logo agora que estávamos começando a concretizar os nossos planos. Foi uma pancada violenta. Em questão de minutos, vi sonhos indo embora com ele e com os estilhaços do nosso carro.

Nas primeiras horas do acontecido fiquei meio que anestesiada. Chorei muito, mas era como se não acreditasse no que estava acontecendo. Durante boa parte do velório me recusei a vê-lo. Não queria ter aquela imagem dele durante o resto da minha vida. No entanto, depois de certo tempo, criei coragem e fui. A dor ficou zilhões de vezes mais intensa quando vi o Meu Bb ali, dentro de um caixão. Uma dor que chegou muito perto do insuportável.



                                                                                                 Anderson e Beth



A dor da ausência

Os primeiros dias sem ele foram terríveis. A rotina foi completamente modificada. Vivíamos grudados o tempo todo. E agora, sem ele, o vazio se instalava. As lágrimas eram constantes, principalmente quando eu olhava o lugar vago ao meu lado na cama, na hora de dormir. A comida perdeu o gosto. A vida perdeu a cor. Estava tudo cinza. Minha vida era só tristeza e dor.

Com a morte de Andinho, me senti acaba, destruída, infeliz, desamparada, sozinha. Achei, naquela época, que nunca mais conseguiria sorrir novamente. Acreditei que seria para sempre uma pessoa chorosa, melancólica e a um passo da depressão. 

Para aliviar a dor eu escrevia. Passava horas e horas escrevendo textos e mais textos em meu blog. As pessoas passavam por lá, ficavam solidárias, deixavam comentários, e aquilo, de certa forma, ia me fortalecendo um pouco. Depois de uma semana, comecei a trabalhar novamente e isso me ajudou mais ainda. Era uma forma saudável de me distrair. Assim fui aos poucos tentando colocar a vida para seguir.

Ao completar um mês, a esperança de acordar do pesadelo, foi ficando menor a cada dia. Começou a ficar mais difícil pensar nele, olhar uma foto, falar sobre nós dois ou visitar seu túmulo sem derramar lágrimas de dor, desgosto, saudade. No início, por incrível que pareça, eu fazia tudo isso de forma mais tranquila. Depois de um mês, foi ficando mais complicado. Parece que a realidade do que acontecera ficava cada vez mais evidente. No entanto, eu tinha consciência de que não poderia ser daquela forma. 

Conversei comigo mesma e decidi que era hora de reagir. Afinal, minha vida continuava. A reviravolta aconteceu quando, perto de completar dois meses de sua morte, percebi que de nada adiantaria ficar assim. Foi uma perda irreparável? Sem dúvida. Dolorosa? Demais! Porém, apesar de não me acostumar com a situação, decidi que poderia superar isso tudo. 

Por isso, resolvi que tinha que parar de ficar sofrendo por algo que eu nada mais poderia fazer. Não, eu não iria trazer Andinho de volta com todo aquele sofrimento. Então, vi que se eu passasse muito tempo "curtindo" e prolongando a dor, poderia chegar ao ponto de eu me acostumar com ela... E assim, aquela Beth risonha, alegre, cheia de ideias e de bem com a vida que todos conheciam, deixaria de existir. Para sempre.

A superação

Renasci. Ressurgi. Assim como já tive que fazer algumas vezes nesses 30 anos de vida (embora nenhuma vez tenha sido tão difícil e dolorosa quanto essa), comecei a aceitar convites de amigos e amigas para sair, ir aos barzinhos, a restaurantes e até festas. Entendi que ficar em casa só ia piorar meu estado. Eu precisava de distração.

Mas eu sabia que, mesmo em meio à distração, a dor continuava ali, e bastava eu dar uma bobeira, que ela retornaria com força total. Perdi as contas de quantas vezes, no meio de uma festa ou de qualquer lugar onde eu estivesse, tive que segurar as lágrimas ou correr para o banheiro por ter escutado uma música, visto casais de amigos que saíam com a gente, ter reparado na cadeira vazia ao meu lado, ter tocado num assunto que ele gostava, ter sentido em alguém o perfume que ele usava. 

É difícil conviver com a ausência. Muito difícil mesmo. Estou tentando superar. Mas, ao contrário do que muitos pensam, claro que não superei completamente. E nem sei se vou. No entanto, durante esses quase quatro meses, não deixei de tentar um só dia.

Às vezes acho que é questão de saber disfarçar, camuflar, esconder ou, até quem sabe, fingir. Não sei. Acho estranho porque eu não sei fazer essas coisas. Não sei disfarçar, nem fingir. Muito menos esconder o que sinto. Mas, vez ou outra, quando a dor chega bem forte, sem que eu espere, fico imaginado: como posso sorrir mesmo sabendo o que aconteceu? Como posso ter força para seguir em frente sabendo que uma parte de mim se foi com ele? Quando paro para pensar nisso, lembro que a dor sempre esteve aqui. Daí me pergunto: onde ela "se esconde" na hora em que eu consigo sorrir?

Quando eu penso que as lágrimas já se esgotaram, uma nova (e grande) remessa delas caem dos meus olhos. Queria entender porque é assim. Do nada um pensamento me vem à mente e instantaneamente começo a chorar. E momentos assim podem acontecer em qualquer lugar: assistindo à TV, lendo um livro, vendo fotos de casais, abrindo minha caixa de e-mails, na hora do banho.

São crises agudas de saudade, aquela dor bem fininha que vem esmagando o peito, tirando meu ar. As lembranças boas não são capazes de conter minha tristeza em dias assim. Nada me faz esquecê-lo por uma hora que seja. Se fecho meus olhos por um segundo, lá me vem a imagem do meu Bb.

A vida que segue

Fico pensando como estou conseguindo enfrentar essa separação involuntária. São quase 120 dias sem vê-lo, sem tocá-lo, sem ouvir sua voz, sem receber seus carinhos, sem sentir o cheiro de sua pele (às vezes mato a saudade cheirando uma camisa que ele tinha usado dois dias antes do acidente), sem sentir seus beijos me acordando todas as manhãs, sem receber todas as noites um "Boa Noite, meu Bb! Te amo bem muitão, viu?". São tantas coisinhas que aconteciam diariamente e tão frequentemente. Coisas que pareciam tão pequenas, mas que hoje deixaram um buraco enorme no meu dia. É muito difícil me acostumar com essa nova realidade. Muito difícil mesmo. 

Há dias em que até suporto bem a dor. Brigo muito comigo mesma para não me deixar levar por esses sentimentos negativos. E faço isso ocupando minha mente com outros pensamentos. No entanto, há dias em que não consigo fugir e, então, pra aliviar a dor, eu choro, escrevo, saio para algum lugar. As pessoas me acham forte. Encontram-me e dizem: "Nossa, como você está bem!". É. Eu também me acho forte. Não achei que fosse tão forte assim. Mas a verdade é que a ferida não sarou. 

E assim, desde o dia em que ele se foi, minha palavra de ordem é superação. O amor que sentia por ele ficará para sempre guardado aqui comigo. Nossos momentos juntos, idem. Mas sei que preciso colocar o barco para navegar novamente. O que vai acontecer no futuro eu não sei. Só sei que decidi viver o hoje. É esse o único dia que tenho.

Beth Amorim, 30 anos, professora, blogueira, mãe e mulher em constante superação .

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