Ao nascer, ela ganhou o nome da deusa grega da juventude: Hebe. Hoje, aos 80 anos (completados em março de 2009), a vitalidade é uma de suas marcas registradas e o que pode determinante na luta contra um câncer no peritônio (região abdominal). “Hebe fez 80 anos, mas tem o estado de saúde de uma pessoa muito mais jovem. Isso ajudará no tratamento. Nossa ideia é deixá-la curada”, disse o médico oncologista Sergio Simon, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde a apresentadora iniciou o tratamento de quimioterapia esta semana.
Segundo o sobrinho e empresário Claudio Pessutti, ela está evitando receber visitas desde que foi internada, no dia 8. “Porque ela está sem maquiagem”, justificou ele, em entrevista coletiva. No caso de Hebe, conhecida por sua extrema vaidade, uma desculpa totalmente plausível. Vaidade esta que ela gosta de expressar, principalmente, com joias exuberantes. Para quem fala em exagero, ela dá de ombros. “Quando as pessoas vêm me mostrar uma joinha, um anelzinho, digo logo que não combina comigo. Para mim, tem de ser tudo grande. Sou perua assumida e com muito orgulho.”
Em prol da tão sonhada juventude eterna que carrega até no nome, assume já ter feito seis cirurgias plásticas: duas de mamas, duas lipos e dois liftings. Já se mostrou, mais de uma vez, defensora da tecnologia da beleza e de todas as novidades que surgem com o objetivo de deixar a mulher com a autoestima elevada. “Com tantos recursos, por que não ficar melhor?”, argumentou a VEJA, em 2007, quando afirmava nunca ficar doente e só ir a hospital “para fazer cirurgia plástica”.
Por sempre falar o que pensa, Hebe foi moldando seu programa para se aproximar cada vez mais da realidade de seu público. Assim, transformou seu cenário em uma extensão da casa do telespectador – com o tradicional sofá-da-Hebe, que já virou marca registrada – e tornou-se uma espécie de “porta-voz da classe média brasileira”. “Se eu continuasse só a fazer graça e não comentasse os problemas que o meu público enfrenta no dia-a-dia, meu programa viraria só uma fantasia irreal.” Sem papas na língua, faz questão de abordar assuntos polêmicos e chamar os brasileiros a discutir, principalmente, sobre política.
Há 57 anos na TV, muito já se ouviu das opiniões dela sobre os mais diversos temas. Como na reportagem especial de VEJA sobre aborto, quando a apresentadora confessou ter feito um, aos 18 anos, em uma sala pequena e sem anestesia. Criticou o Estado, pelas condições precárias da saúde no país, e a Igreja, por condenar o aborto. Reafirmando-se católica, disse não se arrepender. “Hoje tenho o Marcelo (o único filho), a melhor coisa que me aconteceu. Estava casada (com o primeiro marido, o empresário Décio Capuano) e preparada para ter um filho. Sinto-me muito feliz.”
Foi essa personalidade forte que lhe garantiu o título de apresentadora mais popular da TV brasileira já nos primeiros anos de carreira. Não há quem dê testemunhos de ataques de estrelismo, nem quem fale que já a viu em público sem estar extremamente arrumada e com o largo sorriso que lhe é peculiar. “Nunca fui uma estrela. Sempre fui a mesma Hebe dos primeiros tempos, das primeiras dificuldades.”
Hebe estreou no rádio nos anos 40, onde conseguia – aos 11 anos – sustentar a família com os prêmios que ganhava em programas de calouros. Começou na TV junto às primeiras transmissões e nunca mais saiu. Hoje, com um “padrão de vida conquistado à custa de muito trabalho”, é a apresentadora mais antiga em atividade.
Está no SBT desde 1986, e apesar de já ter flertado com a Record e alfinetado algumas vezes o “patrão” Silvio Santos, que já mudou o dia e o horário de seu programa diversas vezes – atualmente apresentado nas noites de segunda-feira – tem seu posto de diva da TV preservado na emissora, e no país.
Em 12/8/1987: “Sou brega mesmo”Em 17/9/1997: “Nós fizemos aborto”Em 12/10/2005: A rainha do palpite
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