Acabo de ler A Casa de Papel do escritor argentino Carlos Maria Dominguez. Lê-se numa tarde, com tempo suficiente para degustar o texto e para reler as partes mais interessantes. É um livro pequeno, quase um conto prolongado. Uma novela, no sentido mais tradicional da palavra, são 98 páginas. E, no entanto, é uma delícia entrar no mundo mágico de Dominguez e nos encontrarmos nesta sala de espelhos que ele criou tão cuidadosamente.
O livro mostra o comportamento de colecionadores de livros ou mesmo de colecionadores em geral. Porque suas atitudes, não importa o que colecionem, (quer sejam caixinhas de fósforo, porcelana japonesa ou livros), suas paixões, suas manias e estranhezas, são todas as mesmas. Carlos Maria Dominguez nos faz pensar nos excessos, no comportamento extremo. Seu livro questiona onde fica aquela linha divisória, invisível, que marca a diferença entre o comportamento do louco e a maneira de ser de quem é considerado normal. Seu foco são livros. Ele explora as conseqüências da paixão por livros como objetos e guardiões de idéias. Mostra também as armadilhas, os perigos, de comprar, armazenar e colecionar livros. Onde e quando parar? Quem determina o limite? Que limite? E com destreza ele faz a pergunta que é o pesadelo de qualquer amante de livros: qual deles guardar, como guardar, onde e por quanto tempo? Depois de algum tempo o que se deve fazer com os livros que você sabe que não irá mais ler?
Carlos Maria Dominguez
É impossível ler-se esta jóia de uma só vez sem perder muito de seu charme e tampouco de perder todas as possíveis reviravoltas e afinidades a outros livros que conhecemos. Este é um texto muito compacto: uma segunda leitura certamente enriquece a experiência. Leia uma vez, e depois de novo. Você não se arrependerá. Vai adorar.
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