Cena do filme: Menina de Ouro (2004)
Maggie (Hillary Swank), a menina de ouro, precisa lutar o tempo todo. Antes mesmo de aprender a entrar num ringue, ela precisa convencer alguém a ensiná-la. E mais que isso, a própria personagem parece enxergar no boxe a questão da superação dos problemas de sua vida; ela procura o esporte, dentre outras coisas, pois quer ser uma vencedora, quer ganhar algo. E ainda antes de entrar na história, a personagem já está lutando, pois tradicionalmente os filmes de boxe retratam homens em situações em que precisam provar sua virilidade e, aqui, temos uma mulher como protagonista. Enquanto em “O Vencedor”, há a necessidade de uma superação em família, ainda que essa família seja completamente desequilibrada, aqui a boxeadora está sozinha (mesmo contando com a valiosa ajuda de seu treinador) e deve superar tudo com sua própria força.
A luta maior da personagem não acontece nos ringues. Ao vestir as luvas, subir no ringue e se tornar a Mo Cuishle – expressão que se traduz como “minha querida, meu sangue” – do treinador, ainda um pouco ranzinza, Frankie Dunn, Maggie consegue superar os problemas financeiros e subir de vida, tornando-se aquilo que ela lutou para ser, claro que com muito sangue.
O ringue é transferido para uma maca de hospital, tornando-se um espetáculo nada agradável de assistir (pensando aqui em um certo prazer visual que as lutas proporcionam, diferentemente do sofrimento da personagem, e de maneira alguma questionando a qualidade do filme). Assim, a superação de Maggie acontece em duas etapas. Na primeira, o treinador é convencido e ela vence os obstáculos do dia-a-dia (como na maioria dos filmes de boxe). Na segunda, ela vai além, e junto de seu treinador, agora amigo, eles lutam pela vida, ou pelo direito de não viver daquela maneira.
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