Cena do filme O Vencedor (2010)
Tanto Micky, o lutador protagonista, quanto Dicky, o lutador que não deu certo, até a mãe, Alice e todo o resto da família, todos no filme se envolvem com o boxe. Todos usam o esporte como válvula de escape para suas vidas nem um pouco estáveis. A performance de Micky nos ringues é o pretexto que guia as relações da família. Porém, enquanto que para a família a vitória é uma questão de tempo, para Micky, perder lutas é algo que está saindo de cogitação: do jeito que está, está errado, precisa ser superado.
A trajetória do personagem de Mark Wahlberg segue à risca a teoria do uso do boxe como superação: ele, em certo ponto do filme, abdica da família problemática para, através do esporte, resolver os conflitos da sua vida, a fim de servir de exemplo para a filha e agradar sua atual companheira, Charlene (Amy Adams). Mesmo que, em dado momento, perceba que apenas a sua superação não será suficiente, é preciso uma superação coletiva: a família deve sair da instabilidade através de suas vitórias.
As relações da família Ward só conseguem retornar a um estado de equilíbrio (não que sejam resolvidas), quando Micky começa a dar certo como lutador, depois que os problemas “apanham” no ringue. Até mesmo na forma como Micky vence suas lutas, no último round, depois de apanhar tanto quanto fosse necessário para cansar os adversários; mas ele não se cansa, pois está acostumado a apanhar da vida, assim como o irmão, a mãe e a namorada, e é por todos eles, que o personagem ganha força e consegue virar a luta – “os combates são na verdade coadjuvantes das situações pelas quais passam os indivíduos”
0 comentários:
Postar um comentário